Dia do Rafeiro

Hoje é dia do rafeiro. O Dexter não é um rafeiro. O Dexter é um West Highland White Terrier, um cão de raça. Faz hoje 6 anos que o Dexter, o xerife, chegou lá a casa e a história não nos enche de orgulho enquanto amantes de animais.

Sempre tivemos cães a vida inteira, mas o Dexter seria o 1º cão conjunto. Decidimos, por razões provavelmente infantis e egoístas, que queríamos comprar um cão de raça e uma certa noite vimos um Westie a passear e apaixonámo-nos. Fomos logo de seguida ver preços e assustámo-nos com o que vimos, o que nos levou ao OLX.

Fizemos o negócio sem saber nada sobre a criação, algo tão importante, principalmente em que condições estão os animais. Recebemos o Dexter, uma bola de pelo muito pequenina e muito fofa, mas também muito sujo e doente. Dias depois teve que ser internado com uma gastroenterite severa no Hospital Veterinário do Restelo. 3 dias de internamento, transfusões e uma incerteza tremenda na sua sobrevivência, levaram-nos a repensar a atitude que tomámos. O Dexter não teve o desmame correcto, tinha apenas 4/5 semanas quando veio para nós e as pessoas que nos tinham entregue o cão mudavam constantemente de contactos, tal era o esquema montado. Soubemos este ano que o Dexter veio da Eslovénia, muito provavelmente de carro, e fazia parte de uma rede de tráfico de animais, entretanto desmantelada.

Felizmente, o Dexter veio para nós. Conseguimos salvá-lo e temos um cão do caraças. Teimoso, muito teimoso, refilão, um verdadeiro Velho do Restelo. O que faz sentido, pelo zona em que vivemos. É inteligente para caraças, mimoso quanto baste e louco por comida, o que é sempre giro. Mas alimentámos um negócio triste e sujo.

Porquê falar da história de um cão de raça no Dia do Rafeiro? Porque estamos numa altura do ano em que estes “criadores”, pessoas que só querem fazer dinheiro sujo sem se preocuparem com a saúde dos animais ou condições de tratamento, lucram mais. Não tem mal algum querer um cão de raça, mas conheçam sempre quais as condições onde nascem. A socialização e o desmame são fulcrais no crescimento e desenvolvimento de um cão. Para além disto há ainda a responsabilidade de ter um animal de estimação.

Não adoptem ou comprem só porque gostavam mesmo de ter um, pensem no tempo, na paciência, que temos que dispôr para ter um cão (ou gato) em casa. A ideia é sempre gira, a realidade (principalmente no início) é completamente diferente.

Neste momento dizemos claramente que é impensável algum dia termos outro cão, ou animal de estimação, que não seja adoptado (tal como a Ginja, o Guinness e a Stella foram). Porque as raças pouco ou nada importam, para aquilo que deveríamos querer de um companheiro para vida. Porque estes negócios, muito por culpa de sites como o OLX que os deveriam proibir, deveriam ser banidos.

Querem um cão de raça, procurem criadores a sério, que se preocupem com o bem-estar animal. Querem um cão, raça ou rafeiro, então vão ao canil ou associação mais próximos e adoptem um.

Gostavam muito de ter um cão, mas não podem? Nós também, mas já não dá ? Mas dá para ajudarem as imensas associações que temos pelo país, tal como nós fazemos com a UPPA todos os meses e como queremos agora fazer no Natal, ao escolhermos mais 1 ou 2 associações para uma pequena ajuda que será tão preciosa para eles.

Posto isto, vivó Dexter. Viva tudo o que é cão, raça ou rafeiro. não importa!