Açorda de Camarão
Procurando um pouco pela internet vemos que a açorda foi uma das coisas boas que os Árabes deixaram pelas nossas terras. Um prato que, tendo em conta a nossa história, é fácil perceber que, tendo em conta as nossas dificuldades económicas, era um prato de subsistência que ia de encontro às nossas necessidades. A ideia de que a nossa gastronomia é muito moldada tendo como base as nossas carências é suportada por muitos historiadores. Fez também parte do texto que publicámos na Daries Of na edição de Portugal, mas esse se quiserem ler, têm que comprar a revista.
A açorda na base da história do país
A história da açorda cruza-se com a nossa própria história enquanto país. A açorda era de fácil concepção e baseava-se num dos pilares da alimentação em Portugal na altura: o pão. Houve várias evoluções e até com nomes diferentes consoante a zona do país. Começámos no norte com as sopas de pão que não eram mais que um caldo a que se juntava o pão. Vindo mais para sul, as mesmas sopas de pão eram tratadas por açordas. No entanto havia outra grande variante que já não era sopa, muito usada para peixes e mariscos nas nossas zonas costeiras. São estas últimas que vos trazemos hoje.
A açorda na nossa base
Nós vimos de uma terra chamada Mira de Aire. Nessa terra passámos a nossa infância e adolescência. Hoje em dia, a vida afastou-nos da nossa terra pelas mais variadas razões, no entanto, há sempre coisas das quais te lembras e tens saudades. Uma delas é a açorda de camarão que se come no Restaurante Marisqueira O Jardim. A verdade é que nunca comemos melhor. Pode estar ligado às nossas memórias, mas é aquela a nossa referência de Açorda. Hoje trazemos a nossa versão. Um dia, quando ficar ligada a um qualquer grande momento para nós, irá finalmente suplantar a do Jardim. A comida é mesmo assim: de momentos. Num mau momento não há comida boa. Num bom momento, tudo sabe melhor. Agora salivem, a receita vem aí.
- Camarão cozido
- Malagueta
- Sumo limão
- Azeite
- Pão duro
- Água
- Alho
- Coentros
- Gemas de ovo
- Sal
- Usar as cascas dos camarões, colocar numa panela com água fria
- Ferver a água e deixar durante 15 a 20 minutos para o sabor do camarão passar para a água
- Coar o caldo com um passador fino
- Primeiro, começamos por temperar os camarões já descacados com azeite, sumo de limão, sal e a malagueta picada para ganharem sabor
- Partimos o pão em pedaços para um recipiente
- Regamos o pão com o caldo e deixamos a absorver
- Numa panela aquecemos azeite onde salteamos os alhos esmagados ainda com casca
- Depois de alourados, retiramos as cascas aos alhos e salteamos o camarão
- Depois do camarão frito, retiramos da panela
- Juntamos o pão demolhado no caldo à panela
- Mexer o pão sempre até termos a consistência que desejamos
- Juntamos o camarão à açorda
- Juntamos os coentros picados e rectificamos o tempero (incluindo alho se gostarem bem forte, como nós)
- No final, fora do lume, juntamos as gemas de ovo e misturamos tudo mesmo antes de servir
- Não poupem no alho. A açorda assim o pede.
- Coentros fazem magia depois da açorda sair do lume.
- Depende tudo dos gostos, mas uma gema de ovo por pessoa, não parece uma má matemática
- Os melhores pães para açorda parecem-nos ser o pão de mafra, alentejano ou da avó. Por aí.
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